População mundial: já somos 7 bilhões?

A população mundial pode chegar à marca dos 9 bilhões até 2045. O planeta vai conseguir sustentar tanta gente?
 
Antes do século 20, nenhum ser humano tinha vivido o suficiente para testemunhar uma duplicação da população mundial, mas hoje há pessoas que a viram triplicar. Em algum momento até o fim de 2011, segundo a Divisão de População das Nações Unidas, seremos 7 bilhões de pessoas.
Embora seu ritmo esteja diminuindo, essa explosão demográfica está longe de terminar. As pessoas passaram a viver mais tempo e há tantas mulheres ao redor do mundo em idade de procriar - 1,8 bilhão - que a população global ainda vai continuar crescendo pelo menos durante algumas décadas, mesmo que cada mulher tenha menos filhos que na geração anterior. Até 2050, o total de seres humanos no planeta pode chegar a 10,5 bilhões ou então se estabilizar por volta dos 8 bilhões - a diferença é de cerca de um filho para cada mulher. Os demógrafos da ONU consideram mais provável a estimativa média: eles estão projetando uma população mundial de 9 bilhões antes de 2050 - em 2045. O resultado final dependerá das escolhas feitas pelo casal quando realizar o mais íntimo dos atos humanos.
Com a população mundial a aumentar ao ritmo de cerca de 80 milhões de pessoas por ano, é difícil não ficar alarmado. Em toda a Terra, os lençóis freáticos estão cedendo, os solos ficando cada vez mais erodidos, as geleiras derretendo e os estoques de pescado prestes a ser esgotados. Quase 1 bilhão de pessoas passam fome todo o dia. Daqui a algumas décadas, haverá mais 2 bilhões de bocas a ser alimentadas, a maioria em países pobres. E bilhões de outras pessoas lutarão para sair da miséria. Se seguirem pelo caminho percorrido pelas nações desenvolvidas - desmatando florestas, queimando carvão e petróleo, usando fertilizantes e pesticidas com abundância - vai ser enorme o impacto sobre os recursos naturais do planeta. Como podemos conciliar tudo isso?
Oito bilhões correspondem à estimativa mais baixa da ONU para 2050. Nesse cenário otimista, Bangladesh teria uma taxa de fecundidade de 1,35 em 2050, mas ainda 25 milhões de habitantes a mais que hoje. A taxa de fecundidade em Ruanda também seria inferior ao nível de reposição, mas sua população atingiria o dobro do que era antes do genocídio. Se esse é o cenário mais otimista, alguém poderia dizer, então o futuro é de fato deprimente.
Porém, também podemos tirar disso outra conclusão: talvez essa preocupação com os números populacionais não seja a melhor maneira de confrontar o futuro. As pessoas amontoadas em favelas necessitam de ajuda, mas os problemas a ser resolvidos são a pobreza e a falta de infraestrutura, não a superpopulação. Proporcionar a todas as mulheres acesso aos serviços de planejamento familiar é uma boa ideia. No entanto, o mais agressivo programa de controle populacional que se possa imaginar não vai salvar Bangladesh da elevação no nível do mar nem Ruanda de outro genocídio nem todos nós dos enormes problemas ambientais a nossa frente.
O aquecimento global é um exemplo. As emissões de carbono ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis estão aumentando com maior rapidez na China, mas ali a taxa de fecundidade já é inferior ao patamar de reposição - não resta muito a fazer em termos de controle demográfico. Nas regiões em que a população está aumentando em ritmo mais acelerado, como na África subsaariana, as emissões per capita são bem menores que nos Estados Unidos - portanto, o controle demográfico ali teria um efeito irrelevante sobre o clima. Segundo cálculos de Brian O. Neill, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, se em 2050 a população mundial for de 7,4 bilhões, em vez de 8,9 bilhões, as emissões de carbono seriam reduzidas em 15%. Para interromper o aquecimento global, teremos de trocar os combustíveis fósseis por outras formas de energia - seja qual for o crescimento populacional.
Claro que a quantidade de pessoas faz diferença. Mais relevante ainda é o modo como as pessoas consomem os recursos. O principal desafio para o futuro das pessoas e do planeta é tirar da pobreza o máximo de gente e ao mesmo tempo reduzir o impacto de todos nós sobre o planeta.
                                                                                                          Fonte: National Geographic

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