Eleições no Peru

Desafio do novo presidente é unir país.


Ao fim de uma eleição polarizada, em que os peruanos escolherem o que chamavam de "mal menor", o candidato nacionalista Ollanta Humala foi eleito o novo presidente do Peru no último dia 5 de junho. Ele venceu a conservadora Keiko Fujimori com uma diferença de apenas 1,5 ponto porcentual.

Agora, o presidente empossado tem pela frente o desafio de unir um país dividido, com quase metade da população apoiando sua rival nas urnas.

Essa foi considerada a eleição presidencial mais polarizada e apertada da história peruana. Ambos os candidatos que disputavam a presidência possuíam um passado comprometedor que dividiu a preferência do eleitorado.

Keiko Fujimori é filha do ex-presidente Alberto Fujimori. Ele cumpre 25 anos de prisão por crimes de corrupção, enriquecimento ilícito e violação dos direitos humanos. Fujimori foi eleito em 1990 e dois anos depois deu um "autogolpe".

O regime fujimorista foi marcado pelo autoritarismo e por escândalos políticos. Na época, Keiko, então com 19 anos, foi a primeira-dama mais jovem das Américas após o divórcio dos pais.

Já o candidato de centro-esquerda, Ollanta Humala, tem um passado de radicalismo político. Seu pai, o advogado Isaac Humala, é fundador do Movimento Etnocacerista, que defende o nacionalismo étnico.

No final dos anos 1980, Humala e o irmão, Antauro, ambos militares, criaram um grupo clandestino nas Forças Armadas: os Militares Etnocaceristas. Eles promoveram em 29 de outubro de 2000 um levante contra o governo Fujimori.

Em 2005, o irmão liderou uma tentativa frustrada de golpe contra o presidente Alejandro Toledo e foi condenado a 25 anos de prisão. Humala foi apontado como autor intelectual do motim, mas nada foi provado contra ele.

O ex-militar concorreu nas eleições presidenciais de 2006 e foi derrotado no segundo turno por Alan Garcia, atual presidente peruano.
 

Susto na bolsa

Os mercados peruanos reagiram mal à vitória de Humala. A Bolsa de Valores de Lima teve queda de 12,45% no dia seguinte ao pleito. O temor era de uma intervenção econômica que afetasse o setor privado, sobretudo no ramo de mineração, uma das principais atividades econômicas no país.

Para reverter a rejeição dos eleitores, o candidato eleito moderou as propostas de nacionalização de áreas da economia peruana no final da campanha. Ele também procurou desvincular sua imagem do presidente venezuelano
Hugo Chávez. De acordo com pesquisas, a proximidade com Chávez era o principal motivo de os peruanos desconfiarem do nacionalista.

O Peru teve, portanto, uma difícil escolha nas urnas. De um lado, o risco à economia representado por Humala. De outro, o risco à democracia, com a sombra do ex-presidente Fujimori se projetando sobre a candidatura da filha. Os peruanos tiveram que decidir pelo "mal menor".

Para o escritor peruano
Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de Literatura, era como escolher entre morrer de câncer ou de Aids. Depois, o escritor voltou atrás e apoiou Humala no segundo turno.
 

Crescimento

O Peru é o berço de civilizações andinas como os Incas, cujo império foi derrubado pelos conquistadores espanhóis em 1532. A independência foi declarada em 1821, seguida de períodos de depressão econômica e distúrbios políticos.

Nos anos 1980, depois de doze anos de ditadura militar, o país se redemocratizou. Mas passou por instabilidade econômica, com inflação e dívida externa, e violência no enfrentamento do governo com guerrilheiros do grupo maoísta Sendero Luminoso.

O governo de Fujimori, eleito em 1990, estabilizou a economia e derrotou as guerrilhas. Porém, a corrupção e o abuso de poder o levaram a renunciar ao cargo em 2000.

Nos últimos anos, o Peru registrou um crescimento médio de 8% na economia, um dos maiores índices na América do Sul. A principal riqueza do país vem da exportação de minério, da pesca e da agricultura.

Contudo, a distribuição de renda ainda é um desafio para o governo. De acordo com o Banco Mundial, 34,8% da população de 29,2 milhões de habitantes vive abaixo da linha da pobreza (dados de 2009).

Outro grave problema é o narcotráfico. O país é o segundo maior produtor de cocaína, depois da
Colômbia. Estimativas apontam que o tráfico de drogas representaria entre 2,5% e 6% do Produto Interno Bruto (PIB).

O Peru e o
Brasil possuem um acordo de cooperação no combate aos narcotraficantes. Os vizinhos de fronteira também são parceiros comerciais. O Brasil exporta automóveis, peças de reposição de veículos e produtos industrializados. E importa minérios dos peruanos.
                                                                                                   FONTE: UOL Atualidades.

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