Depois de mais de dois anos eleito, o presidente norte-americano
Barack Obama fez nesta semana a sua primeira viagem oficial à América Latina, onde passou por
Brasil,
Chile e
El Salvador. A visita teve como objetivo uma reaproximação com os governos da região, depois de um período de distanciamento.
Os
Estados Unidos são a maior potência econômica do planeta desde meados do século 20. A partir dos anos 1960, durante a
Guerra Fria, o governo americano apoiou ditaduras militares na América Latina. A intenção era deter o avanço do comunismo, depois da
Revolução em Cuba (1959).
A volta da democracia em países como Brasil, Chile e
Argentina inaugurou um período de relações pautadas mais pelo comércio do que por ideologias. Após o 11 de Setembro, contudo, o foco de atenções dos americanos passou a ser o mundo mulçumano. Ao mesmo tempo, o avanço da "revolução bolivariana" do presidente venezuelano
Hugo Chávez reacendeu antigas rixas com Washington.
O Brasil também bateu de frente com os Estados Unidos durante o governo de
Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2011). O propósito do governo brasileiro era marcar uma posição independente e firmar-se como liderança política na América do Sul.
Duas ocasiões merecem destaque nessa fase. Primeiro, quando o Brasil tentou mediar a crise que sucedeu ao golpe que depôs o presidente hondurenho Manuel Zelaya, em 2009. E depois, quando o país não acatou as sanções contra as ao Irã por conta do programa nuclear.
Obama chegou à Casa Branca em 20 de janeiro de 2010 como o primeiro presidente negro da história americana e uma aprovação recorde. Ele tinha duas prioridades: recuperar o país da maior crise financeira desde
o crack na Bolsa de 1929 e encerrar duas guerras, uma no
Iraque e outra no
Afeganistão.
No campo diplomático, inaugurou uma nova política de relacionamento com a Europa, a Ásia e o Oriente Médio que visava substituir o unilateralismo do governo anterior, de
George W. Bush. Por isso, a ida à América Latina ficou para a segunda metade do mandato.
A visita de Obama começou pelo Brasil, em 19 de março. Ele veio acompanhado da primeira dama, Michelle, e das duas filhas do casal. O presidente norte-americano teve reuniões em Brasília e visitou o Corcovado e a favela Cidade de Deus no Rio de Janeiro, onde também discursou no Teatro Municipal.
O interesse dos Estados Unidos era reforçar a parceria comercial entre os dois países, sobretudo na área de energia (petróleo e bicombustível). Foram assinados dez acordos bilaterais, comerciais e em outras áreas, mas nenhum de grande destaque.
O Brasil adquiriu visibilidade no cenário internacional nos últimos oito anos por conta da estabilidade política e econômica e, mais recentemente, pela descoberta de petróleo na camada pré-sal e a escolha para a realização da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Desde o ao passado, a China assumiu o lugar dos Estados Unidos como maior parceira comercial do Brasil. Apesar disso, o país tem com os americanos o maior déficit comercial, de US$ 8 bilhões.
Irã
Na esfera política, o governo brasileiro esperava que Obama se comprometesse em apoiar a indicação do Brasil para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. No ano passado, Obama endossou a entrada da Índia, outro país emergente. Ao final da vista, porém, ele foi comedido e manifestou apenas "apreço" à ambição brasileira.
O Conselho de Segurança da ONU foi criado para mediar conflitos mundiais, como a recente crise na Líbia. Os membros permanentes são
China, Estados Unidos,
França,
Reino Unido e
Rússia. A entrada de novos países depende de uma reforma no estatuto.
Atualmente, o Brasil ocupa uma vaga rotativa no conselho. Para o governo, a participação no órgão iria consolidar a importância do país na geopolítica mundial. Segundo especialistas, a divergência entre Brasil e Estados Unidos a respeito do
Irã foi o maior empecilho para o apoio do presidente Obama.
O Brasil defende o programa nuclear iraniano para fins pacíficos e tentou intervir, sem sucesso, para uma solução pacífica. Como a presidente
Dilma Rousseff manteve a mesma postura a respeito do Irã, o obstáculo permanece.
No Chile, Obama fez seu principal discurso sobre as relações entre os Estados Unidos e a América Latina, mas frustrou quem esperava o anúncio de medidas mais concretas. Ele encerrou a visita de cinco dias em El Salvador, onde falou sobre narcotráfico e imigração.
A viagem de Obama ficou apagada na imprensa internacional por conta dos ataques das forças de coalizão à Líbia, que coincidiram com a chegada do democrata ao Brasil, e do
terremoto no Japão. Devido à
guerra civil na Líbia, Obama teve que fazer mudanças em sua agenda e antecipar o retorno em um dia.
Mesmo que a visita oficial tenha tido um clima morno, bem diferente do entusiasmo da eleição de Obama há dois anos, ela cumpriu uma missão importante de reaproximar as Américas.
FONTE:
http://www.educacao.uol.com.br/